Doutoranda Recém-Egressa da Geologia Publica Artigo Sobre Eventos Anóxicos e Evolução da Bacia do Ceará
Data da publicação: 23 de abril de 2021 Categoria: NotíciasA doutoranda recém-egressa Ana Clara Braga de Souza, do Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFC, publicou recentemente seu segundo artigo na revista Marine and Petroleum Geology, periódico com fator de impacto 3.790, avaliado pela Capes como Qualis A2 na área de Geociências. Orientada pelo professor Daniel Rodrigues do Departamento de Geologia da UFC, a pesquisa contou ainda com a participação de outros pesquisadores do programa e de outras três universidades no Rio Grande do Norte, Pará e São Paulo.
O trabalho usou dados públicos da ANP de 30 poços petrolíferos da Bacia do Ceará, incluindo informações petrofísicas, geoquímicas e isotópicas. As informações permitiram propor um modelo evolutivo da bacia através de uma correlação refinada entre eles, e também, embora menos precisa e mais indireta, com as demais bacias de margem atlântica, especialmente na costa da África. Entre os marcadores detectados, destacam-se aqueles relacionados a dois Eventos Anóxicos Oceânicos do Cretáceo, designados pelas siglas OAE-1b e OAE-2.
Eventos Anóxicos Oceânicos (EAO; OAE na sigla em inglês) são momentos de baixíssima oxigenação dos oceanos no passado, reconhecidos em escala global através de seus efeitos como extinções em massa e preservação de matéria orgânica. Tais efeitos ficam registrados nas rochas através de vários indícios químicos e biológicos, como por exemplo o teor de carbono, o fracionamento isotópico de alguns elementos químicos e a abundância de certos fósseis marinhos. As causas dos EAO continuam sob estudo, mas alguns trabalhos atribuem os EAO do Cretáceo ao intenso vulcanismo no início da separação das atuais porções continentais que compunham o antigo Supercontinente Pangeia. Esse vulcanismo teria liberado níveis altíssimos de gases do efeito estufa na atmosfera em escala global,
culminando com temperaturas elevadas que dificultavam a circulação termo-halina dos oceanos e assim propiciavam condições de baixa oxigenação de suas águas. De fato, o Cretáceo, período compreendido entre 145 e 66 milhões de anos atrás, é climaticamente reconhecido como um dos mais quentes da história da Terra.
O estudo dos EAO é importante na correlação de bacias petrolíferas, implicando na busca por intervalos mais promissores em termos de produção. Por outro lado, esse também é um tópico essencial no entendimento dos possíveis efeitos nocivos das mudanças climáticas de origem antrópica, causadas pela moderna liberação artificial de gases do efeito estufa.
Essa publicação é parte dos resultados do projeto intitulado Brazilian Equatorial Margin: a new exploration frontier, coordenado pelo professor Francisco Nepomuceno Filho e demais pesquisadores do Laboratório de Interpretação Sísmica, Departamento de Física, UFC.
O artigo publicado pode ser acessado em: https://doi.org/10.1016/j.marpetgeo.2021.105074
Fonte: Prof. Daniel Rodrigues do Nascimento Jr. (Departamento de Geologia, Universidade Federal do Ceará)